Belém acelera para a COP 30 enquanto São Paulo investiga tráfico de animais do Pará

Belém corre contra o tempo para ser a ‘capital da Floresta’ enquanto São Paulo expõe rota clandestina de tráfico de animais do Pará

A menos de 10 meses da COP 30, Belém, capital do Pará, vive um intenso processo de transformação impulsionado por investimentos em infraestrutura e sustentabilidade. A cidade se prepara para sediar a conferência da ONU sobre mudanças climáticas, mobilizando parcerias entre os governos federal, estadual e municipal, além da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC).

Com um aporte de R$ 4 bilhões, provenientes do tesouro estadual, de um acordo com Itaipu Binacional e de financiamentos junto ao BNDES, Belém busca se consolidar como a "COP da Floresta", vitrine global da preservação amazônica. No entanto, enquanto os esforços se voltam à proteção ambiental, o Pará segue no centro das preocupações com o tráfico ilegal de fauna.

Polícia Militar Rodoviária de São Paulo 

Na última segunda-feira (3.jan.2025), a Polícia Militar Rodoviária de São Paulo desarticulou um esquema de tráfico de animais silvestres vindos do estado, interceptando um carregamento clandestino na rodovia Castello Branco, em Avaré. Entre os resgatados estavam 20 filhotes de jacaré e cinco macacos, transportados de forma cruel dentro de potes de sorvete e gaiolas improvisadas.

Tráfico de animais na Castello Branco expõe rota criminosa

Durante patrulhamento do Tático Ostensivo Rodoviário (TOR), policiais abordaram um veículo suspeito. O motorista e o passageiro apresentaram versões contraditórias sobre a viagem, o que levou à inspeção do porta-malas. Lá, os agentes encontraram os animais e um frasco de Clonazepam, medicamento usado para sedar os bichos e facilitar o transporte ilegal.

Os dois homens, de 23 e 30 anos, foram presos em flagrante por tráfico de animais silvestres e maus-tratos. Um deles, que se identificou como biólogo, alegou ter capturado os animais no Pará para revendê-los em São Paulo. O motorista, sem habilitação, disse que apenas transportava a carga e desconhecia sua procedência.

Investigação mira rede criminosa

A Polícia Civil solicitou a quebra de sigilo telefônico dos suspeitos para rastrear possíveis conexões com quadrilhas especializadas. As autoridades trabalham com a hipótese de que a captura e revenda dos animais façam parte de uma rede criminosa que lucra com a exploração ilegal da biodiversidade brasileira.

Os filhotes resgatados foram encaminhados à Polícia Militar Ambiental de Botucatu e depois levados à Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia do município para avaliação e reabilitação.

Aperto contra crimes ambientais

A apreensão faz parte da estratégia da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, sob a gestão de Guilherme Muraro Derrite, para intensificar o combate ao crime organizado nas rodovias estaduais. O TOR tem ampliado operações contra tráfico de drogas, roubo de cargas e transporte ilegal de animais silvestres.

O episódio evidencia o crescimento do mercado negro de fauna no Brasil, um dos países mais afetados pelo tráfico de animais. Além de comprometer a biodiversidade, essa atividade financia redes criminosas e desafia os esforços de conservação da vida selvagem.

Enquanto Belém se prepara para ser o palco das discussões globais sobre preservação, a apreensão na Castello Branco escancara um dos maiores desafios ambientais do país: o combate ao tráfico de espécies que deveriam estar protegidas, mas acabam alimentando um comércio clandestino que cruza estados e fronteiras.