Gutemberg Fialho: Assédio Moral no Trabalho - Um Desafio para a Saúde dos Profissionais no DF

Gutemberg Fialho (foto), médico e advogado, presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF), alerta para uma realidade alarmante no ambiente de trabalho do Distrito Federal. Com um aumento de 29,32% nas denúncias de assédio moral registradas pelo Ministério Público do Trabalho em 2024, a situação evidencia um cenário preocupante que afeta a saúde física e mental dos trabalhadores em diversas áreas, especialmente na área médica.

O artigo destaca o impacto devastador do assédio moral, que pode levar ao desenvolvimento de doenças graves como depressão, ansiedade e outros transtornos físicos e psicológicos. Apesar da legislação brasileira proteger os trabalhadores, muitas vítimas ainda enfrentam barreiras para denunciar e combater essa violência no trabalho.

Dr. Gutemberg reforça a importância de políticas preventivas, denúncia ativa e conscientização sobre os direitos trabalhistas. Ele também convida os profissionais para utilizarem o Canal de Denúncias do SindMédico-DF como ferramenta essencial no enfrentamento desse grave problema.

Confira abaixo a íntegra do artigo:

Assédio moral no trabalho: realidade alarmante no DF

Por Dr. Gutemberg Fialho

Você já se sentiu humilhado por um superior no trabalho? Essa sensação de desprezo constante, pressão excessiva e isolamento tem um nome: assédio moral. No Distrito Federal, os números são alarmantes: o Ministério Público do Trabalho (MPT-DF) registrou um aumento de 29,32% no número de denúncias de assédio moral em 2024, em comparação com o ano anterior. Foram 613 denúncias, contra 474 no ano passado. Não se trata de um problema isolado, mas de algo que está afetando profissionais de diversas áreas.

Como médico do trabalho, minha atuação é voltada para a saúde e segurança dos trabalhadores, prevenindo doenças ocupacionais e promovendo um ambiente de trabalho saudável. Tenho acompanhado de perto as consequências do assédio moral no ambiente laboral, que afeta diretamente a saúde física e mental dos profissionais. Esse tipo de violência psicológica é devastador, gerando sérios impactos como ansiedade, depressão e até doenças físicas graves.

Embora o assédio moral no trabalho seja frequentemente associado a relações de poder abusivas, ele se estende a diversas profissões. Os relatos que chegam aos consultórios ou às ouvidorias são exemplos concretos de como essa violência deteriora não apenas o ambiente de trabalho, mas também a vida pessoal e social das vítimas. Além dos danos psicológicos, o assédio pode provocar problemas físicos, como insônia, queda de cabelo e distúrbios digestivos. Muitas vezes, as vítimas enfrentam grandes dificuldades para se reintegrar ao mercado de trabalho, devido à perda de confiança e ao desgaste emocional.

A legislação brasileira reconhece o assédio moral como uma prática ilegal. A Lei 14.457/22 estabelece diretrizes claras para a proteção dos trabalhadores e impõe às empresas a obrigação de garantir um ambiente livre de assédio. Contudo, na prática, muitas vítimas ainda encontram barreiras para denunciar ou obter o apoio necessário para enfrentar o problema. Para combater o assédio moral, é essencial que as vítimas documentem os episódios, busquem orientação e denunciem, seja internamente, seja por meio do Ministério Público do Trabalho ou da Justiça. Nenhum trabalhador deve ser obrigado a suportar um ambiente tóxico e hostil. Cabe também às empresas criar políticas efetivas de prevenção e adotar uma cultura de respeito e inclusão.

Por isso, enquanto presidente do Sindicato dos Médicos do DF, sempre alerto meus colegas sobre a gravidade do assunto e seus impactos. Denunciamos e pressionamos os órgãos de fiscalização para que combatam o assédio moral. Esse problema não apenas afeta a vida pessoal dos profissionais. Quando falamos de médicos, ele também compromete a qualidade do atendimento oferecido à população, tanto em unidades de saúde públicas quanto particulares.

O cenário da saúde pública no DF já é marcado por desafios significativos, como a sobrecarga de trabalho, a escassez de recursos e a pressão constante para atender a alta demanda de pacientes. Os médicos sentem o peso desse ambiente hostil, seja de chefias, seja de colegas de trabalho. A denúncia de casos de assédio moral é um passo fundamental para proteger tanto os profissionais do serviço privado quanto do público. É importante que todos conheçam seus direitos, busquem apoio e não se calem diante de situações de abuso.

Dr. Gutemberg Fialho.
Médico e Advogado
Presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal.

Canal de Denúncias do SindMédico-DF